Qual o grande desafio para quem faz pesquisa clínica? Seguimento! Com frequência os pacientes faltam consulta e o pesquisador perde a oportunidade de coletar aquelas informações! Para driblar esse problema muitos pesquisadores fazem coleta de dados através de questionários por telefone, correspondência ou e-mail. Mas aí surgem dois problemas: a má adesão ao preenchimento do questionário e a confiança na qualidade dos dados preenchidos.

Então qual seria a coleta de dados dos sonhos? Um mecanismo que não só garantisse boa adesão, mas também dados confiáveis! Então imagine um novo “questionário” que não só faz perguntas ao paciente, mas também rastreia seus hábitos, calorias, horas de sono e permite um diário de sintomas, alimentos e medicações na palma da mão do doente e a um clique de distância do pesquisador. Pois é! Aí está a ideia original do ResearchKit desenvolvido pela Apple!

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O ResearchKit se propõe a transformar o iPhone numa poderosa ferramenta de pesquisa para facilitar a coleta de dados e a comunicação entre pesquisador e paciente! A quebra de paradigma que pode revolucionar a pesquisa médica é o fato de tirar a pesquisa de dentro dos hospitais e levá-la a qualquer lugar onde o paciente estiver! Além da vantagem para o pesquisador, o ResearchKit também traz vantagem ao paciente pois tem feedback imediato, isto é, todos os dados coletados também estão acessíveis ao paciente, o que promove um melhor conhecimento da doença e compreensão da relação dos hábitos pessoais com os sintomas.

Quem são os pesquisadores?
O projeto foi lançado em março/2015 em parceria com diversas instituições americanas de renome como Mount Sinai Hospital, Massachussets General Hospital de Harvard e Dana-Farber Cancer Institute. Até o momento foram lançados 05 aplicativos com foco em doenças distintas: asma, diabetes, doença de Parkinson, câncer de mama e doenças cardiovasculares.
Quais pacientes podem usar?
Por enquanto os aplicativos só estão disponíveis na AppStore americana. Então os critérios de inclusão para participar são: idade maior que 18 anos, residente nos EUA e ter uma doença que se encaixe nos temas das pesquisas.
Como funciona o aplicativo?
Ao entrar no App há uma explicação sucinta sobre a pesquisa e um termo de consentimento para ser aceito por quem quer participar da pesquisa – o termo explica quais dados serão coletados e quem terá acesso às suas informações. A coleta de dados é feita através de questionários enviados com frequência diferente conforme cada App (o Cardiovascular, por exemplo, tem questionário diário e semanal) e rastreio de atividades físicas através do App nativo Health (km caminhados, tempo de atividade física, horas de sono, etc).
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A novidade do ResearchKit foi bem aceita e em menos de 24h o app MyHeart já tinha mais de 10.000 downloads. Mas será que pesquisar ficou simplesmente assim tão fácil e do dia para a noite (literalmente) eu posso ter um N de 10.000 na minha pesquisa? Não! Ainda em fase experimental, os aplicativos do Research Kit vão enfrentar uma série de desafios devido aos vieses associados a esse tipo de pesquisa:

# Viés de seleção: esse é meio óbvio pois um dos critérios de inclusão é ao mesmo tempo um viés enorme – só pode participar quem tem iPhone!

# Viés de observação: os pesquisadores só vão estudar dados que são facilmente acessíveis através do smartphone, pois os pacientes não tem contato real com os pesquisadores e não são examinados.

# Viés de informação: tanto devido ao fato de o paciente fornecer o dado que quiser já que não tem “ninguém olhando” como à limitação de saber usar o aplicativo e responder o que ele está perguntando.

Para saber mais sobre o ResearchKit, acesse seu site oficial

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Escrito por Medico Nerd