Imagine-se no centro cirúrgico de um hospital há 100 anos: ao chegar à sala cirúrgica (geralmente no último andar para receber luz do dia), você se depara com 20 alunos na platéia, todos bem vestidos em ternos, esperando para vê-lo operar: você lava suas mãos com ácido carbólico (anti-séptico disseminado por Lister), veste seu mesmo avental de ontem e começa a cirurgia! O paciente já está anestesiado com éter e logo o procedimento avança: lâmina, corta … afastador, kelly, tesoura, fio … o paciente começa a sangrar … aspirador (vem o R1 rodar a manivela do aspirador!) … compressas, compressas, mais aspirador (o bisturi elétrico ainda estava para ser inventado)! A enfermeira sente o pulso do paciente (não existia monitorização): pulso fino, filiforme, extremidades frias. Você não consegue parar o sangramento, o paciente entra em choque hemorrágico e não há mais o que fazer (não tinha acesso central, hemotransfusão, droga vasoativa). O paciente evolui em PCR … com as mãos sujas de sangue (não havia luvas ainda!), você observa a platéia chocada e sai da sala. Assim começa a primeira cena do novo seriado médico The Knick e assim era a medicina do começo do século XX!
Estrelado por Clive Owen, The Knick mostra a rotina médica do Knickerboker Hospital, hospital filantrópico de Nova York no começo do século XX. Livremente inspirado em William Halsted, o protagonista, Dr John Thackery é um grande cirurgião: rápido, preciso, inovador e viciado em opiódes! Além do grande cirurgião, o seriado conta com todas figurinhas de sempre de um seriado médico: o dono do hospital, a enfermeira chefe, a enfermeira nova, o residente, o aspirante a chefe, etc.